42ª SESSÃO SOLENE DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.

 


Em 09 de outubro de 1986.

Presidida pela Sra. Gladis Mantelli – lª Vice-Presidente.

Secretariada pelo Sr. Brochado da Rocha – Secretário “ad hoc”.

Às 14h30min, a Sra. Gladis Mantelli assume a Presidência e solicita ao Sr. Secretário “ad hoc” que proceda à verificação de “quorum”.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do título honorífico de Cidadã Emérita à Sra. Ruth Ricardo Brum.

Convido os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as seguintes autoridades e personalidades, que farão parte da Mesa: Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal; representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal; Irmã Luiza Celeste, representando a Direção do Ginásio São Luiz; Sra. Eva Cabral, do Conselho Geral do Clube de Mães; e Sra. Ruth Ricardo Brum, a homenageada.

Falarão, em nome das Bancadas do PFL e do PDT e representando o autor da proposição, Ver. Valdir Fraga, o Ver. Adão Eliseu; e em nome do PMDB, o Ver. Luiz Braz.

Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, demais componentes da Mesa, minhas Senhoras e meus Senhores, é com satisfação que recebemos a incumbência, por parte de nosso companheiro de Partido e Bancada, hoje exercendo a função de Secretário do Governo Municipal, Ver. Valdir Fraga, autor desta homenagem, de proferir o discurso, já que S. Exa. se vê impossibilitado de fazê-lo por exercer a função de Secretário do Governo Municipal e não a de Vereador. Esta homenagem feita por S. Exa. à Cidadã Emérita Ruth Brum nos dá a impressão, pelo seu fundamento, pelo seu teor, pelo seu volume, pela sua abrangência, que o Ver. Valdir Fraga pretendeu homenagear, na pessoa desta senhora, as mães do Rio Grande, aquelas que, nos vários momentos da história do mundo, tiveram um lugar especial em todos os tempos, nos nossos corações de filhos. Todavia, nos momentos que correm, não estão tendo um lugar adequado que a história lhes destinou em todas sociedades modernas. Por essa razão me parece muito oportuna esta homenagem a Dona Ruth, que se estende às mães porto-alegrenses e gaúchas. (Lê.)

Ruth Ricardo Brum nasceu em 01 de janeiro de 1928, na Travessa Pesqueiro, no Areal da Baronesa, Bairro Menino Deus.

Filha de João Ricardo e Francisca Alves Ricardo. Ele motorneiro e ela de lides doméstica.

Aos 4 anos tornou-se a primeira aluna interna do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, localizado na Rua General Caldwell, como pensionista, passando o dia ocupada com atividades religiosas e demais ensinamentos pertinentes a sua idade. Permaneceu como semi-interna por 7 anos (1932 a 1939).

Em 1940, mudam-se para Caxias do Sul, onde moravam os avós paternos, e seu pai desenvolveu atividades de calceteiro da prefeitura, por um período de três anos.

Em 1945, mudam-se para o Bairro Teresópolis, na Rua Costa Lima n.º 240, onde Ruth vive até hoje. Em 1949, passou a trabalhar fora.

Em 1951, casou com Nozart Brum e tiveram 12 filhos dos quais 7 sobreviveram formando a família de hoje, com mais 4 noras, 2 genros e 19 netos.

De família humilde, Ruth Brum aprendeu com a mãe a ver beleza e valor nas mínimas coisas e, com o pai, a amar o ser humano que para ele “era um irmão”.

Seu lar sempre abrigou pessoas estranhas e necessitadas, e as festas natalinas eram festas comunitárias, onde o pouco que tinham era repartido com os carentes.

Essas festas passaram a ser tradicionais no bairro e sua casa procurada por muitos.

A grandeza da humanidade da família Ricardo estendia-se inclusive a melhorias de trabalho às lavadeiras que utilizavam o arroio dos fundos da sua casa, construindo escada e fogão de barro para elas.

Foi nesse ambiente que Ruth Ricardo Brum cresceu como pessoa e educou sua família.

Foi ensinando as lavadeiras a costurar e remendar, as crianças a terem noções de higiene, abrigando doentes, viciados e desabrigados rejeitadas pela família  que a homenageada forjou seu conhecimento de vida.

Quando seu filho mais velho vai para a Escola Estadual Ceará, inicia um novo período na vida de Ruth Ricardo Brum. Com um grupo de senhoras fundam o Clube de Mães Ceará.

É o trabalho associativo promovendo a mulher, no qual Ruth passa a empenhar um papel decisivo no crescimento e surgimento de novos clubes.

Trabalhou como voluntária na instalação dos moradores da Vila Mapa, dando aulas de higiene e trabalhos manuais.

Trabalhou como servente e depois como auxiliar de disciplina no Colégio São Luiz, onde pôde levar três de seus filhos para estudarem. Ali fundou o Clube de Mães São Luiz, participando da Diretoria e todas as atividades do Clube.

Participou trabalhando e na Diretoria do Clube Social Patriota.

Associou-se ao Clube de Mães Cruzeiro do Sul e, em 1984, foi eleita Presidente. E é neste clube que hoje encontra-se filiada, mas desempenhando também funções na Coordenadoria Municipal do Conselho Geral de Clube de Mães – CGM e assim estendendo seu trabalho aos demais clubes de mães não só de Porto Alegre como do Interior.

Ruth Ricardo Brum é um exemplo de mulher que soube superar as dificuldades e crescer. Mas não cresceu sozinha. Com ela, muitas mulheres e famílias de nossa cidade despertaram para o seu real valor social.

Deixam de ser apenas mulheres, donas-de-casa com filhos na barra da saia para acumularem funções que as tornam esposa, mãe, dona-de-casa consciente de seu valor e, sobretudo, tornam-se cidadãs, auxiliando na construção de uma sociedade mais justa.

E em todo este crescimento da mulher em nossa sociedade está um pouco do trabalho de Ruth Ricardo Brum não como feminista, mas como mulher consciente de sua importância, em uma família que não se deixa abater por nada e nem por ninguém e a todos transmite certeza de  um mundo melhor  a partir da valorização do ser humano.

Assim, justifica-se a entrega de uma premiação de Cidadã Emérita a alguém que pode não constar de colunas sociais locais, mas a quem a sociedade porto-alegrense muito deve. E o reconhecimento desta premiação através do Legislativo Municipal é pouco, mas sincero.

A todos os clubes de mães presentes ou não, o nosso agradecimento por oportunizarem o surgimento de líderes como Ruth Brum. E aprendamos com ela a superar adversidades na persistência e na prática do bem e na distribuição de muito amor a todos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, eu acredito que parte desta homenagem que a Ruth está recebendo, parte dela é uma homenagem prestada a este grande movimento de clubes de mães, pois  a partir deste movimento, foi quando a Ruth se integrou neste movimento, que ela começou a despertar para uma outra fase em sua vida. Foi a partir do movimento do clube de mães.

Todas as senhoras que estão aqui, hoje, representantes de clubes de mães, também estão sendo homenageadas neste título que a Ruth está recebendo.

Eu tomei a liberdade, Ruth, de fazer um estudo astrológico da sua personalidade. Isso nos meus momentos vagos, e são raros agora nos últimos tempos. Eu gosto de mexer com alguma coisa de astrologia, e algumas das senhoras acompanharam-me nos meus programas de rádio e sabem disso. Há uma matéria que trata da personalidade que você, Ruth, teve numa encarnação anterior. Eu sei que você é espírita e sei que você acredita muito no problema da reencarnação. E no estudo da astrologia a gente leva um pouco a sério tudo isso, e eu sou um conhecedor, apenas, de alguns detalhes da astrologia. Eu cheguei à conclusão de que você foi, na sua última encarnação, conselheira, ou governanta, pessoa encarregada de instruir os jovens. E sabem que eu fiz esses estudos, depois fui compará-los com esta Exposição de Motivos do Valdir Fraga, de dados compilados a respeito de sua vida. E vimos que essa sua personalidade, que deve ter vivido por volta de 1850, se reproduziu na pessoa da Ruth da atualidade, porque, durante a sua vida, também foi uma conselheira, governanta, instrutora de jovens, tudo isso. Então, de repente, comecei a pensar: será que essa tal de astrologia é um negócio sério?

Para você ficar com os seus dados: você deve ter vivido em 1850, na Síria ou no Iraque. E, na sua vida espiritual, recebe um espírito que é oriental. Pelo menos, é a informação que eu tenho da Ruth. São informações que vão fechando nesses estudos de astrologia; muitas coisas vão sendo comparadas com a personalidade da Ruth Brum de agora. E o que eu conheço sobre esta mulher maravilhosa? – e eu conheço bastante sobre ela. Ela é uma espécie de um farol que serve para orientar todos aqueles que se encontram perdidos na imensidão de um mar agitado. Para todos aqueles que se encontram à deriva, para todos aqueles que, de repente, não sabem mais para onde se dirigir, de repente vem lá um sinal, vem lá uma luz. E aquela luz, e aquele farol, é a Ruth acenando para que essa pessoa que está à deriva, para que esse que não encontra mais uma salvação possa ter ali o seu caminho, possa ter ali a sua orientação. Ela é uma espécie de uma fortaleza. Toda sua vida foi assim. Quem viveu uma vida como a Ruth Brum, viveu uma vida nada fácil, massacrada pelo tempo, pela sociedade injusta, desigual. E quem enfrentou todas as intempéries do tempo como a Ruth Brum enfrentou e quem venceu como a Ruth Brum venceu só pode realmente ser uma grande fortaleza. E esta fortaleza tem no seu interior toda uma força que vem do amor e esta força é capaz de revitalizar, esta força é capaz de salvar, esta força tem feito muita gente que se encontra caída levantar e encontrar entusiasmo para dar os seus passos à frente. Esta tem sido a vida de Ruth Brum: ajudar pessoas, viver junto com as pessoas e mostrar para todos nós um mundo muito novo, um mundo onde as pessoas não têm receio uma das outras, onde as pessoas podem viver para serem complemento uma das outras, para poder estender a mão, para dizer ao outro que está ao seu lado que ele é o seu irmão. Para dizer que quando tudo está perdido ainda existe uma mão estendida para dizer: aqui está a sua salvação, aqui está o seu caminho. Esta é a minha amiga Ruth Brum, esta é a minha amiga que não pára, que não tem tempo para se lamentar. Os lamentos para ela ficam dela mesma, as palavras que sempre proferiu, os seus atos sempre foram atos de realização. Sempre, “eu quero”, “eu vou”, “eu faço”, aliás quando ela diz “eu faço” é porque está cercada de muitas pessoas que acreditam no seu trabalho e estão ao lado dela e que podem fazer com que esse eu faço se transforme em “nós vamos fazer”. Esse é o trabalho que nós temos assistido de Ruth Brum, sem medo, olhando para a frente, dignificando a mulher. Esse trabalho, que é realizado dentro dos clubes de mães, é um trabalho que serviu para cumprir exatamente o seu objetivo inicial. O objetivo inicial dos clubes de mães era poder elevar a mulher, poder fazer com que a mulher pudesse se encontrar. E foi exatamente dentro deste movimento de clubes de mães que muitas mulheres conseguiram se encontrar. É claro que muitas outras entraram neste movimento por achá-lo maravilhoso, deram assim uma contribuição imensa e serviram como orientadoras também de pessoas, como o caso da Ruth Brum. Mas todas as senhoras, por melhores que fossem quando iniciaram no movimento dos clubes de mães, encontraram no mesmo uma razão maior para continuar vivendo, apesar de todas as divergências. E qual o clube, qual a sociedade que não tem divergências? Onde é que vamos encontrar uma sociedade perfeita, em que as pessoas pensem exatamente como todas as outras que estão ao seu redor e onde os pensamentos se coincidem, fazendo com que haja uma harmonia tão grande que não haja discussões ou discórdia? Não existe esta sociedade. Talvez numa outra vida, quem sabe. Mas nesta vida, na vida que nós vivemos aqui nesta terra, não existe esta sociedade perfeita. Mas o clube de mães, com todas as discussões, com todas as disputas que muitas vezes existem, com algumas discórdias, ele continua sendo um movimento que tem servido para que a mulher possa se elevar. A Ruth é um grande exemplo disto. Ela lutava, batalhava, ajudava pessoas, fazia com que as pessoas pudessem se encontrar, estendia a mão para os outros e ainda não tinha encontrado um movimento que pudesse fazer com que as suas idéias pudessem proliferar. É aquela espécie de semente que é plantada em uma terra fértil e que germina muito mais rapidamente e tem muito maior utilidade do que aquela semente que simplesmente é lançada em terreno árido. E esta foi a semente: Ruth Brum, com as suas idéias, com a sua capacidade, com a sua competência, lançando a sua semente em terra fértil, neste clube de mães. E esta semente prosperou, germinou e hoje ela está aqui, recebendo este título, proposto pelo nosso amigo e lutador Valdir Fraga, hoje Secretário da SGM e representando todas as mulheres que participam deste movimento de clube de mães. Eu sei que você tem formação religiosa. Afinal de contas, os seus estudos, ou parte deles, foram feitos dentro de instituições religiosas e é por isso que temos aqui uma irmã que está homenageando, com sua presença, o ato de hoje. E é por essa formação religiosa que eu reservei, para terminar o pronunciamento, uma homenagem a você, Ruth, uma homenagem a todas as mães, que é uma coisa que faço há tanto tempo, há tantos anos que eu mesmo considero e, permitam que seja um pouco cabotino, a melhor parte do meu trabalho dentro do rádio, já que sou jornalista, uma mensagem das mais bonitas que já fiz; é uma mensagem tão linda que sintetiza, Ruth, bem aquilo que você realmente é; a mulher que está satisfeita com aquilo que Deus lhe deu; que sabe pegar a sua cruz, colocar nas costas e carregá-la e ainda fazer com que os outros não se apiedem de você, mas que sintam forças; esta mensagem se chama Diálogo com Cristo, e diz assim - quero que depois você me diga se esta mensagem não reproduz aquilo que você é -: “Obrigado, Senhor, pelos meus braços perfeitos, quando há tantos mutilados; pelos meus olhos perfeitos, quando há tantos sem luz; pela minha voz que canta, quando há tantas emudecidas; pelas minhas mãos que trabalham, quando tantas mendigam; muito obrigado, Senhor, por ter um lar para voltar, quando existem muitos que não têm para onde ir; pelos meus olhos, quando existem tantos sem luz. Obrigado por poder sorrir, quando tantos choram; amar, quando tantos se odeiam; sonhar, quando tantos se revolvem em pesadelos; viver, quando tantos morrem antes de nascer e, sobretudo, Senhor, ter tão pouco a pedir e tanto a agradecer.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Queremos chamar à Mesa a Sra. Antonia Collares, esposa do Sr. Prefeito Municipal, Alceu Collares, e também a Sra. Haidée Fraga, esposa do Ver. Valdir Fraga.

Queremos também ressaltar a presença, durante a oração apresentada pelo Ver. Luiz Braz, da Sra. Eva Cabral, que representa a CGM, a qual já fazia parte da Mesa, mas não havia sido anunciada.

Concederemos, neste momento, a palavra ao Ver. Valdir Fraga, que falará em nome do Prefeito.

 

O SR. VALDIR FRAGA: Sra. Presidente, Sra. Ruth Ricardo Brum, nossa homenageada; Irmã Luiza Celeste, que representa a Direção do Ginásio São Luiz, nossa representante do CGM; Primeira Dama do Município, Sra. Antonia Collares; Haidée, minha esposa; queridas amigas e amigos. Estou matando as saudades da Câmara Municipal neste momento e também matando saudades de vocês, pois há muito tempo não venho aqui por falta de tempo, tendo em vista o trabalho na Secretaria do Governo. Cidadã Emérita Ruth Ricardo Brum, mãe, pai, vovó e amiga, não só dos seus filhos, dos seus irmãos, dos seus parentes, mas amiga de todos nós. Ruth mulher, a esposa, a dona de casa, ela é necessária em nosso meio, no nosso mundo. Derrubou todas as barreiras e deixou de ser dependente, prova de que nada é impossível, Ruth. Para a mulher socialmente pobre, mas rica pela sua sensibilidade, por ser prestativa e humana, as barreiras não existem. O grande número de amigos, de amigas que conquistou demonstra que seus atos são corretos. Quando aqui chegava, de automóvel, assisti cinco senhoras caminhando pelo barro, a casa está cheia! Se a Ruth não fosse querida como é, nós não estaríamos aqui. Aí está a prova. Ruth serve de exemplo para os filhos, para os netos. Se a Ruth está orgulhosa, acredito que os filhos estão muito mais, e os netos, com o tempo, vão sentir esta homenagem quando pegarem as fotografias e relembrarem a vovó. Atualmente, a realidade de Ruth é o trabalho e fazer o bem ao próximo. Tenho acompanhado, já acompanhava de longe, agora mais próximo. Não tem dia e não tem hora, nem tempo ruim. Sua paixão, além dos filhos e netos, são os nossos Clubes de Mães e as queridas meninas que aqui estão presentes – meninas de vinte e poucos a oitenta e poucos anos – e que também desempenham trabalho em prol da nossa comunidade, trabalho de dar inveja a muitas entidades, sabem que tudo o que estou dizendo é verdade. Quando o Ver. Luiz Braz fazia seu pronunciamento, ele colocava isso e nós estamo-nos direcionando, porque realmente nós acompanhamos, nós convivemos com as senhoras, muitas vezes juntos, lá no Clube de Mães, quando não há possibilidade, meio distantes, mas sempre tem alguém que nos representa, como a minha esposa, a Haidée, e até as minhas colegas de trabalho. Hoje Presidente do Clube de Mães Cruzeiro do Sul, fundadora de vários outros Clubes de Mães, faz parte do CGM. Poucas pessoas podem dizer como a Ruth pode dizer hoje: “eu ajudei a construir a sociedade porto-alegrense”. Não que ela quisesse aparecer, é a maneira da Ruth, é o que a maioria das senhoras fazem, para não dizer todas, sem se preocupar em aparecer em busca de votos, coisas que muitos políticos fazem para angariar votos para se elegerem. Porém na área das Senhoras, no grupo das senhoras, nem estão pensando o que estão fazendo de bom pela nossa Cidade. Quando coloquei aqui que as senhoras causam inveja é porque realmente causam e ainda dão bom exemplo. Quem dera que todos os políticos desta terra, de Vereador a Presidente da República, fizessem o que as senhoras fazem, muitas vezes até tirando de seu próprio bolso. Como não sou candidato a qualquer eleição, tenho condições de dizer que sou apaixonado pelos Clubes de Mães, senão eu não poderia dizer o que estou sentindo porque poderiam pensar que eu estaria aqui em busca de votos. Mas não é isso, o que eu quero é o carinho das senhoras, a amizade das senhoras. É apenas um registro, pelo que estamos passando no dia-a-dia. Amanhã posso não estar aqui como qualquer um de nós. Nós somos felizes por termos conhecido a Ruth, quando digo “nós”, falo em nome de todas as senhoras. Eu tenho a segurança e a certeza que estou transmitindo tudo aquilo que todos gostariam de dizer para a Ruth, eu estou dizendo e que serve para todas as senhoras o que estou dizendo, pois é com as senhoras que convivemos e acima de tudo por estarmos entre aqueles que detêm a tua amizade. Obrigado por tua capacidade de compreender os que te cercam e por nos ensinar o que tu sabes. Muito obrigado. O intenso viver de alguém dedicado aos outros deve ser gratificado pela sociedade em que vive. E o título honorífico de Cidadã Emérita é exatamente isso. O Título que tu recebes por esta Casa, pelos representantes do povo desta Cidade, de todos os partidos, é mais que meritório, talvez um pouco atrasado para fazer esta homenagem.

Então, em nome do Sr. Prefeito Alceu Collares, neste momento, eu quero registrar com muita satisfação o abraço que ele te encaminha, e eu me somo aos braços dele para reforçar o meu abraço, e também em meu nome, pois tenho a certeza, pois este Título de Cidadã Emérita é um Projeto de Lei que foi aprovado por todos os Vereadores desta Casa, por unanimidade. Em nome do querido Ver. Adão Eliseu, do querido Ver. Luiz Braz, e do Ver. Brochado da Rocha e há pouco tempo estava o Ver. Raul Casa, então, em nome dos 33 Vereadores desta Casa, de todos os Partidos, o nosso muito obrigado pelo que tu tens feito por esta Cidade. E que a gente possa estar junto sempre defendendo os interesses da nossa comunidade, sempre olhando além da nossa cerca, assim como vocês todas olham, assim como tu, Ruth, que é hoje a nossa homenageada. Muito obrigado, Ruth. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Eu convidaria a todos os presentes para que, de pé, assistissem à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita a Ruth Ricardo.

Convidaria o Ver. Valdir Fraga, rompendo uma norma da Casa, que está aqui neste momento representando o Sr. Alceu Collares, Prefeito de Porto Alegre, e, também, como proponente desta homenagem, para entregar o Título em nome desta Casa.

 

O SR. VALDIR FRAGA: (Lê.)

“A Câmara Municipal de Porto Alegre confere o Título Honorífico de Cidadã Emérita a Ruth Ricardo Brum, pela valiosa contribuição com seu trabalho em prol do engrandecimento da sociedade porto-alegrense. (aa) – Ver. Issac Ainhorn – 1º Secretário; - Ver. André Forster – Presidente; - Vera. Gladis Mantelli – Vice-Presidente.

 

(É feita a entrega do Título.) (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O Clube de Mães quer, agora, prestar uma homenagem a nossa homenageada, entregando-lhe uma faixa. (Palmas.)

Concedemos, neste momento, a palavra a nossa homenageada, Ruth Ricardo Brum.

 

A SRA. RUTH RICARDO BRUM: Cumprimento a Mesa, Sr. Ver. Valdir Fraga, representando o nosso Prefeito; a Primeira Dama, representante do CGM, a minha Diretora, minha amiga Haidée; senhoras e senhores. O que dizer quando se tem o coração e a alma em festa? Honestamente, eu sempre recebi muito mais do que dei. Recebi exemplos de vida, de calor humano. Cada vez que estendi a mão, sempre outras dez ou vinte estenderam-se para mim.

Quero dizer, senhoras e senhores, que, neste momento, eu vejo rostos muito queridos, que passam pela minha mente como uma colcha de retalhos, gente que chorou comigo nas minhas horas amargas e que não foram poucas, gente que sorriu comigo nas minhas horas alegres. Sempre vocês estavam lá e é por isso minha gente que estou feliz demais. Às minhas filhas do Clube de Mães que aqui se fazem presentes, apesar da intempérie, demonstrando este carinho que me ajudou a viver até agora e que sei que me ajudará até o fim, obrigada a vocês que vieram até aqui. Obrigada minha família querida que também me compreende. Quero dizer aos meus netos que estão aqui que mais tarde quando forem adultos tenham a lembrança deste momento e que sirva de exemplo para suas vidas, porque, quando não se tem riquezas a maior herança é o exemplo.

Quero bem dizer este movimento no qual entrei e que, como disse o nosso amigo Ver. Luiz Braz, nos fez uma outra mulher, com um novo modo de olhar a vida. Este movimento se agiganta dia a dia e se torna uma potência, e se tornará bem maior para abrigar mulheres como eu para vislumbrar um outro horizonte. O Conselho Geral de Mães é um pedaço gigante de minha vida. Quero agradecer aos meus colegas de Prefeitura o carinho com que sou recebida diariamente. Desde o cumprimento simpático do Sr. Prefeito, à doçura da sua esposa, que me distingue com sua amizade. Obrigada, Antônia! Ao Senhor Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal, que indicou o meu nome para que, nesta tarde, eu estivesse aqui, quero dizer-lhe que, há anos passados, falando numa sala com muita gente, falava em seu nome e me perguntaram: Porque é que tu o segues? E eu respondi: Sigo a este moço porque encontro reais valores nele, porque este moço foi forjado a ferro e fogo, honestidade, trabalho e ideal. E a gente precisa se acercar de gente com força de caráter! (Palmas.) Mas o que mais me aproximava dele, é que eu lhe tenho uma ternura imensa. Acho que é aquela doce ternura que tinham as mães pretas do passado por seus filhos brancos. Isto foi há anos, não é de agora, porque agora eu devo juntar à minha ternura, Valdir, um agradecimento bem maior. Porque, senhoras e senhores, este homem teve a confiança de entregar-me a porta do seu gabinete. Ele não lembrou que eu era velha, nem que eu era feia. Eu acho que foi movido também por um sentimento de gostar. E eu me orgulho muito disso! Te agradeço de coração, meu filho querido! (Palmas.) Quero agradecer, também, a sua família, que eu me orgulho de privar de sua amizade. Aos Senhores Vereadores que votaram em meu nome: saibam que trouxeram uma luz para o crepúsculo da minha vida e quero, Senhores Vereadores, que sua vidas públicas sejam iluminadas por esta luz que me deram. Obrigada. (Palmas.) Eu dedico esta homenagem em memória a meus pais, a minha família, a todas vocês, minhas amigas. Que prazer enorme; que momento divino este que estou vivendo; qual a mulher que no ocaso da vida se vê, numa tarde, cercada de amigos, recebendo uma homenagem que só os tão queridos recebem? Gente, tenho certeza que nem mereço! Quero agradecer a Deus pela beleza deste instante. Obrigada, minha gente! (Palmas.)

 

(As mulheres que representam o Clube de Mães entoam um hino.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Apesar de não ser norma da Casa depois de a homenageada falar, concederemos a palavra à Sra. Antonia Collares, Primeira Dama do Município, que gostaria de dizer algumas palavras à nossa querida homenageada, em nome do MAPA.

 

A SRA. ANTONIA COLLARES: Querida Vera. Gladis Mantelli, queridos Vereadores desta Casa, quero agradecer sensibilizada esse carinho dedicado à Ruth. Não poderia deixar de agradecer, em nome do povo humilde de Porto Alegre, o muito que a Ruth tem feito pelo MAPA. Ela é incansável! Nós, neste momento, é que temos que agradecer a Deus por termos uma amiga, uma companheira como a Ruth. Que Deus a ilumine e que dê a ela muita saúde, bem como aos seus familiares, muita paz. Ruth, amor tu não precisas, tu tens muito amor para dar e vens dando há muito tempo. Aos Clubes de Mães, quero agradecer o carinho e deixar aqui, em nome das crianças do MAPA, um beijo muito grande em nome do povo humilde de Porto Alegre. Ruth, a ti e aos teus familiares, um beijo muito grande. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Ao ensejo do encerramento desta Sessão, resta a esta Presidência proferir algumas palavras. Evidentemente que para mim é uma honra ser eu, e não o Presidente oficial desta Casa, o Ver. André Forster, que esteja Presidindo esta solenidade. A começar por esta nossa Mesa de autoridades, autoridade que não somos, mas que somos importantes na medida em que representamos algum segmento social. Essa Mesa, hoje, é uma Mesa de mulheres, tem um enxerto, aqui, o Ver. Valdir Fraga. Numa Casa que é essencialmente ou quase que na sua totalidade uma Casa de homens, nós mulheres, aqui, somos minoria, somos poucas, mas tentamos fazer exatamente aquilo que vocês fazem no seu trabalho, nos Clubes de Mães: tentamos defender os interesses de pessoas, de gente que precisa de nós.

Esta Casa, que é a Casa do Povo, se sente honrada e feliz por hoje ter sido pequena para receber a todos. Poderíamos nos sentir desconcertados porque não tivemos lugar para todos, porém isso nos dá uma medida de que a Casa está cheia. A Casa pede desculpas por não ter condições de ter acomodado a todos, porém se sente feliz com a presença de todos e sabe que não estão aqui por nossa causa, mas em função da homenageada: que é uma mulher que trabalhou, que distribuiu amor, afeto e ternura, como ela mesmo disse e, fundamentalmente, idéias e otimismo. Esta Casa se sente feliz por ter, quando da apresentação da proposta do Ver. Valdir Fraga para que Ruth recebesse o título de Cidadã Emérita, acreditando que valia a pena votar esta matéria por unanimidade. Hoje, nos sentimos gratificados por saber que não erramos e que nós, como Representantes do Povo, nada mais fazemos do que – ou deveríamos fazer – responder aos anseios deste povo, aos anseios da população desta Cidade que quer ver seus representantes, pessoas que trabalharam em prol da mesma, serem homenageados. E nós, na qualidade de Presidente dos trabalhos, nos sentimos felizes por vermos que esta Casa soube, mais uma vez, interpretar aquilo que o Povo de Porto Alegre deseja.

Agradeço a presença de todos os convidados e convoco os Srs. Vereadores para a próxima Sessão Ordinária, à hora regimental.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h35min.)

 

Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 09 de outubro de 1986.

 

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